Liberdade: Satori aus Nova Petrópolis

Não estou falando do bairro homônimo em São Paulo, e sim, daquela palavra de que as pessoas adoram, do substantivo abstrato, muito abstrato.
Enquanto andava pelas limpas e tranquilas ruas de Nova Petrópolis, esse pensamento entrou em minha cabeça, um verme a devorar meus poucos neurônios funcionantes: liberdade?
Não sei se a conquistamos, se a temos, se é uma delusão ou simplesmente se inventaram no dicionário e decidiram que seria isso, a ausência de submissão.
Quem se acha livre, como eu me achava, deve repensar isso, pois, enquanto caminhava com as minhas pernas "livres", meus pensamentos, de súbito, se voltaram ao motivo de eu estar ali, refletindo sobre algo que possa existir.
Eu sou livre? Não acho isso. Estou rendido ao Governo para ser "livre"; a cada ato que pratico devo satisfação a alguém, seja por meio informal ou institucionalizado sob a forma de impostos. Isso, a liberdade tem um preço, não pense que podes sair por aí fazendo o que bem entenderes. Se queres a liberdade de caminhar, terá de pagar pela pavimentação das vias, pela iluminação do teu caminho, pela roupa que te faz não ir preso por atentado ao pudor ou a ser internado como "louco".
Thoreau, que venhas em meu auxílio, pois até tu pagaste pelos pregos para construir a cabana simples e aconchegante à beira do lago.
A liberdade acontece, de fato, quando não estamos SUBMISSOS a nada e a ninguém, ou seja, fazendo tudo por conta própria, o que, hoje em dia significa, na clandestinidade. Morar no mato? O mato já foi comprado, irmão, terás de habitar uma reserva do Governo, também paga por meio de indenizações e traições - é, Belo Monte, Norte Energia S.A. - eu sei o que vocês estão fazendo com os ribeirinhos e com os índios.
Redefinamos nossos conceitos de liberdade, pois aquela ansiada vontade de percorrer o mundo, estradas e países, tem um preço.

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