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Mostrando postagens de junho, 2017

Paterson

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Um filme cheio de pequenos detalhes, uma graciosa monotonia. Já vi outros artistas fazerem da monotonia, da explicação ou da explanação de cada detalhe do cotidiano uma obra-prima, como Proust em Em Busca do Tempo Perdido . Levei meses para terminar No Caminho de Swann , porém, valeu cada minuto, cada partícula de poeira que o narrador lembrara de sua infância em uma pequena cidade francesa. As semelhanças não param por aí... Paterson além de ser o nome do protagonista é também o nome de uma pequena cidade americana com cerca de oito mil habitantes no Estado de New Jersey. O filme começa na segunda-feira, realmente nada de inesperado, às 6:10 da manhã, aproximadamente, pois que o horário de despertar de Paterson também vai sofrendo pequenas variações ao longo dos dias, sem que isso atrapalhe sua vida. Chegando à empresa de ônibus em que trabalha como motorista de ônibus, Paterson arruma alguns minutos para escrever em seu "caderno de notas secreto" algumas poesias recolhid

Grandes músicos e compositores I

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Quem é esse alemão maluco que fez do piano e de outros instrumentos peças experimentais, eletrônicas, abusiva aos ouvidos, irrequieta? Karlheinz Stockhausen. Ouvi-o pela primeira vez há algum tempo, por motivo de ter lido sobre ele em um livro de música e misticismo. Não tenho repugna a essa palavra, pois místico nada mais é que leis universais ainda não colocadas na teoria cartesiana dos homens ou que ainda não apareceram aos sentidos elementares. O que li não foi escrito por amadores da música, eu não chego a ser isso, amador, sou muito menos, mas por meio de uma lúcida análise e cheia de explicações plausíveis, não há dúvida quanto ao que esses estudiosos da música relataram: Stockhausen ajudou a fazer a música dos tempos modernos, calculada, medida, ritmos estranhos, ritmo algum!, amplificação de notas, prolongamentos, distorções... Tive a oportunidade de ouvir sua obra ao vivo interpretada por dois franceses que vieram ao Rio de Janeiro em 2016. São eles Jean-François Heisser e

Da infância

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Feliz da criança que brincou nas ruas, nos parques, nas florestas e em seu próprio  quarto. Seres que cresceram ouvindo ou lendo as estórias dos Irmãos Grimm, que se deleitavam na música erudita da Disney em seus desenhos animados. Perguntam as crianças atualmente "Onde está meu celular, mãe?", "Pai, me dá 100 pratas para comprar um jogo para meu XBox?", e assim por diante. O Zeitgeist é realmente outro, assim como eu e muitos outros nascidos no início dos anos de 1980 o éramos para aqueles dos anos de 1970, 1960... Especialistas dizem que os jogos de videogame desenvolvem a capacidade de raciocínio das crianças, então, pergunto, e os livros e a música também não o faziam antes? Podemos observar crianças limitadas, seres antissociais, irritados quando se afastam do objeto de adoração virtual e, em alguns casos encobertos, a tendência ao suicídio. Tive uma experiência com um garoto de 10 anos que recebera do pai um laptop e instalou o jogo Minecraft; após alguns

Névoa, neblina, serração

Foste avistada ao longe, como se fosse uma fogueira A queimar grandes quantidades de lenha,  nessa época de Festa de São João Não era nada disso, vieste como ladrão. Sem convite, de fininho Cercaste-me de mansinho Tapaste toda a cidade Com um cinza de verdade Morro acima, te desfaz Morro abaixo, retornas Inquilina, do que és capaz? Minha vida te adorna Capaz de controlar muitas coisas Da temperatura à visão Esplendorosa noiva Deixaste-me no altar Onde nada mais faz sentido Encobres minha perspectiva De, um dia, ter nascido.

Liberdade: Satori aus Nova Petrópolis

Não estou falando do bairro homônimo em São Paulo, e sim, daquela palavra de que as pessoas adoram, do substantivo abstrato, muito abstrato. Enquanto andava pelas limpas e tranquilas ruas de Nova Petrópolis, esse pensamento entrou em minha cabeça, um verme a devorar meus poucos neurônios funcionantes: liberdade? Não sei se a conquistamos, se a temos, se é uma delusão ou simplesmente se inventaram no dicionário e decidiram que seria isso, a ausência de submissão. Quem se acha livre, como eu me achava, deve repensar isso, pois, enquanto caminhava com as minhas pernas "livres", meus pensamentos, de súbito, se voltaram ao motivo de eu estar ali, refletindo sobre algo que possa existir. Eu sou livre? Não acho isso. Estou rendido ao Governo para ser "livre"; a cada ato que pratico devo satisfação a alguém, seja por meio informal ou institucionalizado sob a forma de impostos. Isso, a liberdade tem um preço, não pense que podes sair por aí fazendo o que bem entenderes.

Homenagem a Paulo Leminski

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Aos 7 de junho de 1989, quando eu tinha somente 8 anos e sabia apenas que gostava de brincar, despertava para o infinito um grande artista curitibano que escreveu esse lindo poema: A LUA FOI AO CINEMA A lua foi ao cinema, passava um filme engraçado, a história de uma estrela que não tinha namorado. Não tinha porque era apenas uma estrela bem pequena, dessas que, quando apagam, ninguém vai dizer, que pena! Era uma estrela sozinha, ninguém olhava para ela, e toda a luz que ela tinha cabia numa janela. A lua ficou tão triste com aquela história de amor, que até hoje a lua insiste: – Amanheça, por favor! Paulo Leminski (24/VIII/44 - 7/VI/89)